terça-feira, 29 de outubro de 2013

BIOGRAFIAS POLÊMICAS

BIOGRAFIAS POLÊMICAS

       O caso mais famoso entre nós é o de Roberto Carlos que, biografado por Paulo Cesar de Araujo: "Roberto Carlos em detalhes", processou o autor e conseguiu proibir a publicação do livro. Existem outros casos mais, como o da biografia de Paulo Leminsky escrita por Toninho Vaz. Depois da primeira edição esgotada, a família pressionou a outra editora que faria a segunda edição  para não publicar e o editor preferiu não se arriscar. O título da biografia é "O bandido que sabia latim", e a família entendeu que Paulo Leminsky e família não ficavam bem na fita dessa biografia, especialmente por causa dos detalhes sórdidos de seu suicídio. Quem mereceu biografia polêmica foi Chaplin que foi biografado pelo psiquiatra Stephen Weissman.  Nunca devemos esperar amenidades de biografias escritas por médicos ou estudiosos da alma humana.
      O problema se resume em saber se uma biografia pode ser livremente escrita e publicada ou tem que ter uma autorização prévia do biografado. O próprio Roberto Carlos já voltou atrás e disse que as "biografias não autorizadas" devem ser publicadas. Desde que haja antes uns ajustes, acordos, etc. A bela Renata Vasconcelos tentou extrair dele que ajustes seriam esses, mas o Rei é mais escorregadio que uma enguia e não disse. Disse que o objetivo é o "equilíbrio" e que a coisa seja boa para ambos os lados. Tenho pra mim que ele ficou sem graça de dizer que esse equilíbrio significava 50% para o biógrafo e 50% para o biografado.
       Voltando ao problema: o óbvio ululante é que a produção de biografias deve ser livre. É uma questão de democracia, dois direitos estão em jogo: o de liberdade de trabalho intelectual do autor e o direito à informação do leitor. Agora, autorização prévia para a produção de uma biografia é uma conversa autoritária de joão-sem-braço. Lamentável que Chico Buarque e Caetano Veloso tenham embarcado nessa. Um tropeço de dois campeões da democracia. A simples produção de uma biografia já é um avanço da cultura. Se a biografia contiver difamação, atentar contra a honra do biografado, apela-se para a Justiça. Simples assim.
 Vejamos algumas histórias mais sobre biografias e avanço da cultura. Raimundo Magalhães Júnior escreveu uma biografia crítica de Ruy Barbosa: "Ruy, o homem e o mito". Um fã de Ruy, salvo engano, o escritor Fernando Jorge,  escreveu um livro em resposta ao do Magalhães Júnior intitulado: "Uma pulga na asa da Águia". Ruy era conhecido como a Águia de Haya" por conta de sua atuação nas Nações Unidas. Creio que o personagem mais biografado do mundo seja Jesus Cristo. Em umas biografias é dito que os judeus foram culpados por sua morte. Outras defendem um ponto de vista diferente. Resumindo a liberdade de publicação faz a cultura avançar e se aperfeiçoar.

Um comentário:

Fernando Carvalho disse...

NOVO POST (O blog escondeu o botão para novas postagens por isso publico novo post neste espaço).

TEMoS ESTADISTAS NO BRASIL? Creio que estadista é aquele homem que consegue direcionar um país, me veio a imagem do timoneiro. Um exemplo: Kemal Ataturk que ocidentalizou a Turquia. Então, Getúlio Vargas foi estadista quando industrializou o Brasil. Mas fica a pergunta: e se ele quisesse ser um obstáculo à industrialização? O que quero dizer é que o processo histórico empurra o líder que aparece como estadista sem ser. Vargas foi estadista quando negociou a entrada do Brasil na guerra em troca da CSN. Brizola por exemplo foi estadista quando criou os Cieps (educação em turno integral) FHC e Lula foram anti-estadistas quando deixaram morrer essa ideia. Cristovam Buarque restou como um Dom Quixote da educação federalizada.
Estadista em si não quer dizer nada, um estadista neoliberal é um desastre para o povo. Até agora temos tido no Brasil "estadistóides" a serviço da privatização de tudo. O estadista que o Brasil está precisando no momento é aquela pessoa que vai usar nossas riquezas naturais (petróleo, nióbio, água potável, biodiversidade, etc.) para construir um grande e justo país. Para isso é básico que a gente copie por exemplo o sistema educacional do Japão e o sistema de saúde do Reino Unido. Se deixar a educação e a saúde condicionados pelo interesse privado, no futuro teremos tantos doentes e bandidos que hospitais e médicos, presídios e policiais não darão conta do recado. Como não está dando agora.